Compra-se pela beleza do objeto, não mais pela sua utilidade. Isso é tão insignificante a ponto de me chamar atenção. “Olha que mesa bonita, cabe direitinho na minha cozinha e ainda cai bem com o armário que eu comprei mês passado.”
O que é isso?! Às vezes me assusto, não por desconhecer a situação, um dejá vu, e sim por não ver ninguém diferente. Os rapazes na seção de televisores, os pimpolhos na de informática e elas, ainda se prestando ao papel de se apaixonar por uma mesa. E eu, onde me encaixo? Vítima? Tendo, por ser do sexo feminino, que pisar o alho lá no quintal porque a mesa é bonita demais, cara demais, frágil demais.
Preciso esperar meu tempo, que a de vir, para saber afinal se serei medíocre o bastante para escolher minha mesa, me mostrar e mandar minha filha pisar o alho. Ou quem sabe, eu mude completamente e acabe comprando e até gostando de comida pronta. E minha filha, em vez de pisar alho, mando dar uma volta no shopping com o troco da mesa, com o resto do meu salário. Será que nessas lojas há sessão de carinho?
Cessão Cativa
By: Cristina Martins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário